Em meados deste ano o Grupo Latam anunciou que planeja estabelecer um Hub (centro de conexões de voos) no Nordeste do Brasil. Concorrem ao posto Fortaleza, Natal e Recife e a previsão inicial apontava para uma decisão no final de 2015.
Em comunicado divulgado à imprensa agora há pouco o Grupo anunciou que a decisão foi adiada para o primeiro trimestre de 2016, em razão do prazo de desenvolvimento de infraestrutura aeroportuária.
Em resumo: concluiu-se que nenhum dos aeroportos foi desenhado para ser um Hub e sim conexões ponto a ponto. Então é preciso tempo para que as cidades envolvidas discutam as adaptações técnicas necessárias.
“Assegurar a eficiência da infraestrutura aeroportuária, atrelada à experiência do cliente e à competitividade em custos é essencial para o projeto. Esses critérios precisam estar muito bem definidos e neste momento o cenário não oferece ainda as condições necessárias para esta tomada de decisão. Continuaremos a avaliar todos os requisitos essenciais da infraestrutura aeroportuária e da competitividade de custos”, comenta Claudia Sender, presidente da TAM S/A. “Seguimos confiantes no desenvolvimento do projeto, que trará grandes benefícios para o país e toda a região Nordeste”, finaliza.
A nota divulga ainda alguns dados interessantes do estudos da Consultoria Arup:
- De acordo com os dados do estudo, foi estimado que o hub movimente 2 milhões de passageiros adicionais em 24 aeronaves simultaneamente em 2018 (entre 2.500 – 3.000 passageiros na hora-pico);
- Em 2038, o número de passageiros deverá chegar a 3,2 milhões, em 36 aeronaves simultaneamente (mais de 4.000 passageiros na hora-pico);
- Baseada nas projeções de demanda, a avaliação técnica demonstra que a capacidade declarada das pistas existentes é capaz de atender à demanda prevista até 2038. No entanto, é necessário desenvolver soluções de backup, como pistas auxiliares, para que a operação do hub não seja comprometida por eventuais impedimentos ocasionais da pista principal. Tais impedimentos dificultam a operação de qualquer aeroporto, mas, no caso de um hub, podem ter efeitos em cadeia em toda a malha da companhia aérea;
- Com as adaptações e os investimentos recomendados pelo estudo, a Arup acredita que os três aeroportos poderiam acomodar os voos e os passageiros estimados, com bom nível de serviço e eficiência, prazo de execução razoável e potencial de expansão de longo prazo;
- Além dos parâmetros operacionais típicos de um terminal, como nível de serviço, tempos de processamento por subsistema do aeroporto (como aparelhos de raios-x, esteiras de bagagens e outros), tempos mínimos de conexão, área de embarque suficiente para volume de passageiros em hora-pico, entre outros, foram utilizados os seguintes requisitos de planejamento para o dimensionamento do hub: banco de conexão, capacidade do pátio (36 aeronaves de portes diferentes) com conexão por pontes de embarque e processamento de passageiros.
1) Banco de conexão: Simultaneidade de múltiplas chegadas seguidas de múltiplas partidas que permitam a conectividade entre destinos, em um período de aproximadamente 6 horas;
2) Capacidade de pátio: Máximo de 36 Aeronaves de diferentes portes (Narrow-Body e Wide-Body) estacionadas simultaneamente e com a grande maioria conectada em pontes de embarque;
3) Processamento de Passageiros: Hub com alto percentual de passageiros em conexões na hora-pico (até 80% do volume estimado de passageiros nesse horário de concentração).
Outro estudo realizado, foi o de impacto econômico, pela prestigiosa Oxford Economics:
- Cada dólar investido para a implantação do hub deve gerar entre 5,2 e 5,8 dólares em novas atividades econômicas, na média dos cinco primeiros anos de operações. Esta previsão inclui a geração de valor tanto para a cidade que for escolhida quanto para as outras que participaram do estudo;
- A consultoria também estima um crescimento adicional do PIB das três cidades envolvidas no hub da ordem de 5% a 7%, considerando a média de cinco anos de operação. Nesse período, o hub deve gerar de 34 mil a 42 mil novos empregos no Nordeste.
É natural que uma decisão que contemple um horizonte tão longo quanto 2038 seja tomada com toda cautela do mundo. O impacto econômico causado justifica todo o esforço que as cidades tem feito no sentido de serem a escolhida para sediar o novo Hub. Torço que isso traga melhorias para os três aeroportos, mesmo que apenas um possa ser o escolhido.